sexta-feira, fevereiro 13, 2009

O amargo do céu

Estes olhos que agora olhas não são olhos de doçura,
Não são olhos de compaixão, muito menos de piedade.
São olhos cansados de se sentir insegura, são olhos de raiva e pura candura.
Olhos que estão cansados de chorar, cansados de te perseguir à noite
Em sonhos que me alucinam e que nunca terminam.

O que fazer para que estes olhos vejam novamente a tua luz?
Luz que me alenta, luz que me instiga que me fascina e me faz respirar.
Porque sem ela meu coração não bate mais, ele apenas diz que ainda está vivo.
Que ainda faz meu sangue em mim circular,
Mas que preferiria parar para não vê-los mais chorar.

O céu que agora vejo não é mais azul nem anil
É vermelho, cor de carne, da cor do meu peito aberto e dilacerado.
Cheio de água, que amarga que aperta que arde.
Que chora com a chuva e devolve pra terra seu gosto desenxabido.

E eu sei que ela não vai gostar quando vir o que por ela escrevi
Que usei seu nome para dizer que você me faz falta,
Que sem você seus olhos já não brilham, que perderam a luz que os alegrava.
Mas que estão descobrindo uma forma de viver sem você.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Quem sou eu?

Já me fiz esta pergunta tantas vezes...Sei que já fui muitas coisas, todos os dias uma pessoa diferente. Uma pessoa desorientada, quieta, ciumenta, calada. Uma pessoa triste, desengonçada e que fala pelos cotovelos. Em alguns dias fui feliz, em outros eu sou, mas não sempre.
Tenho tanta dificuldade em expressar meus sentimentos mais profundos que em muitas vezes fiquei calada, mesmo sabendo que aquilo não era o melhor pra mim ou pra pessoa que eu deixava sem resposta.
Sei quem sou. Um nevoeiro, um turbilhão, uma maré que quando quebra leva tudo junto com ela e quando volta afoga aquilo que não tem força. Sou um dia calmo. Inocente, púdica, pervesa, travessa, risonha. Sozinha. Acredito nas pessoas mesmo não acreditando em mim mesma.
Defeitos? Milhares. Qualidades? Dizem que possuo algumas, mas às vezes duvido disso.
Se nascesse de novo, talvez fizesse as coisas melhores, talvez piorasse tudo que cruzasse meu caminho. Quem sou? Demagoga, carente de afeição e atenção, alguém que procura ser vista? Pra quê? Isso traz felicidade? Não sei o que é felicidade, sei o que é ficar sem chão, sem ar, sei o que é dor, porque sei que isso só dói quando respiro. Sei que nesse momento o sentimento não é de felicidade. Angústia. E ai, o que eu faço com isso? Jogo fora? Mas se jogar meu coração vai junto, se ele for não vou morrer, vou ser alguém incompleto.
Ah, não sei o que sou, uma pedra, um sapo que quer ser homem de novo, que quer ser encontrado e agraciado com um beijo de compaixão. Um mendigo que não sente mais prazer na vida e mendiga amor a torto e a direita. Alguém que grita, mesmo não abrindo a boca, que clama por um sentido, um sentido que realmente faça sentido. Que amueça seu coração que se tornou em pura razão. Uma razão sem razão, que briga com Dionísio por ele ser tão emotivo, quando poderia pensar um pouco. Alguém que duvida e por isso sabe que existe, mas que queria duvidar menos, existir menos. E com isso talvez saber o que realmente é.
Me faz um favor? Quando souber o que é viver, um verbo transitivo direto, que não pede complemento, mas que de completo não tem nada, me diga. Talvez assim poderia encontrar a razão no sentido que a vida traz.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Desejo

O desejo que me arde é o mesmo que me rasga a carne.
Um desejo que me divide ao meio e que me torna em desespero.
Aquele que me invade e que transforma em raiva a vontade que tenho de beijá-la, acariciá-la e amá-la.
Que toma conta do meu ser, por ser tão fraca e sem forças para viver sem ela.
Minha vontade é de esperar toda dor passar e ficar mais forte, mas não consigo me livrar deste sentimento que me consome por dentro e que é tão doce e maligno.